Enquadramento

A Equipa Pedagógica selecionou para o próximo triénio o tema “Educar para sentir”, para o desenvolvimento de um trabalho comum e transversal a todas as valências.  

Tendo em conta as mudanças que se têm vindo a verificar no sistema familiar e na sociedade de hoje em dia (aumento do número de horas dedicadas ao trabalho, o ritmo acelerado de vida, a existência de variados tipos de família, a menor disponibilidade de tempo para o relacionamento com os filhos, o facto de os avós ainda serem ativos profissionalmente, o uso de novas tecnologias por vezes sem o apoio de um adulto, e por fim a inesperada pandemia que invadiu e transformou as nossas vidas), a escola assume cada vez mais um papel preponderante a nível educacional. É também neste contexto que se estabelecem muitas relações interpessoais e daí ser um ponto fulcral para uma educação pessoal e interpessoal, a nível cognitivo, mas também relacional e emocional. 

Muitas problemáticas têm por base uma iliteracia emocional; adultos e crianças emocionalmente inteligentes conhecem-se a si, às suas emoções e são capazes de estabelecer relações empáticas com o outro, tornando-se assim mais felizes e bem-sucedidas em termos pessoais, emocionais, sociais e profissionais. 

As crianças de hoje estão a perder as habilidades sócio emocionais mais importantes, como por exemplo, saber colocar-se no lugar do “outro”, saber pensar, expor as ideias, aprender a arte de agradecer, a partilhar, a valorizar a empatia, a ser generoso… 

Precisamos de educar para a empatia, precisamos de ensinar as crianças a valorizar e saber identificar as emoções, o sentir. 

Assim, aliar o desenvolvimento de competências cognitivas e emocionais é a melhor forma de promover seres humanos mais íntegros, menos discriminatórios, que são capazes de se compreender melhor a si e aos outros, estando aptos para estabelecer relações mais positivas. 

Precisamos ensinar as crianças a arte de Educar o Coração

Precisamos promover a autonomia, o saber lidar com a frustração, o saber entender as emoções e acima de tudo o saber ouvir o coração. Temos o dever de sermos honestos com as crianças, coerentes entre o que dizemos e os atos que praticamos, para que elas se revejam em nós, adultos. 

É urgente aprendermos/ensinarmos a partilhar afeto. É na forma como eu me sei dar, que eu identifico o meu lugar no Mundo, neste Mundo que é a casa de todos nós!

“Tudo o que não se dá perde-se” (Madre Teresa de Calcutá)

É importante conhecer as fases críticas e os comportamentos caraterísticos do desenvolvimento para melhor adaptar o ensino das emoções aos sujeitos em particular. Chorar, por exemplo é uma das primeiras emoções que o ser humano sente. Muitas crianças choram quando estão tristes, quando têm fome, quando querem alguma coisa, quando fazem uma birra. Esta emoção é, portanto, a mais disponível aos olhos da criança. Por isso é extremamente importante dar a conhecer outros tipos de emoções e trabalhar com elas, de maneira a formar crianças sociáveis, com empatia, livres para poder sentir e sobretudo saber sentir.  

A educação emocional tem de ser desenvolvida desde tenra idade de forma a que a criança desenvolva competências sociais e emocionais.  

Os adultos devem proporcionar relações de apoio, afetividade e autenticidade, as quais vão ser modeladas pela criança e são uma influência para querer continuar a estabelecer este tipo de relações positivas no decurso da sua vida.  

Atualmente sabemos que, desde pequenas, as crianças são capazes de sentir todas as emoções de um adulto, só que ainda não sabem como percebê-las, rotulá-las, compreendê-las, nem como regular. Tudo isto precisa de ser aprendido.  

Reações emocionais inteligentes precisam de ser aprendidas com o auxílio de outros e pela prática e exercício continuados, não somente por preceito e instrução verbal. 

As crianças precisam de modelos, exemplos e de intervenções pedagógicas para aprenderem a lidar com suas próprias emoções. Como docentes, devemos estar atentos às situações que favorecem estas aprendizagens.